Beatriz Lopes* —
Não é segredo que aumentar o patrimônio é o propósito de todo investidor. O que muda são os objetivos que as pessoas têm em mente: fazer uma viagem, construir uma casa, comprar um carro… Para atingir essas metas da maneira mais certeira possível, é necessário ter um plano de investimentos. Essa estratégia é elaborada pelo assessor de investimentos de acordo com a história – e a personalidade – de cada pessoa ou família. Por isso, antes de mais nada, é preciso entender quanto de risco cada investidor está disposto a tomar.
Essa questão é esclarecida por meio do teste do Suitability, um questionário preenchido antes da realização de qualquer aporte. “A pessoa tem que entender como ela é, como funciona o perfil dela. A partir disso, se aprofundar nas características de acordo com o que está buscando e investir de forma racional”, afirma Jhonny Oliveira, assessor de investimentos da SVN.
Tipos de perfis
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) define os tipos de investidores em três categorias:
Conservador – Busca receber ganhos reais (acima da inflação) com o menor risco possível, mesmo que para isso precise abrir mão da rentabilidade. Por este motivo, a carteira fica alocada em ativos de baixo risco como títulos públicos e privados de renda fixa, e fundos de investimento em renda fixa.
Moderado – É o investidor “meio-termo”, pois não abre mão da segurança na hora de investir, mas arrisca um pouco mais para obter maior rentabilidade. Costuma ter certo conhecimento do mercado financeiro. Por isso, assume certos riscos com o objetivo de ganhar mais, mas sem perder a segurança.
Agressivo/Arrojado – Aceita correr mais risco em busca de uma rentabilidade robusta, mesmo que isso envolva perder parte do patrimônio. Por conta dessas possíveis perdas, o investidor agressivo necessita de ter inteligência emocional, patrimônio alto e conhecimento do mercado financeiro.
Esses são os perfis básicos. Muitas pessoas estão em uma posição que se encaixa entre um perfil ou outro. Por isso, em novembro do ano passado, a XP Investimentos criou classificações intermediárias – que não são oficiais. Isso ajuda os assessores de investimento a escolherem uma cesta de produtos mais assertiva.
Confira os oito perfis listados pela XP:
Precavido – Novo nome para o perfil Conservador.
Cauteloso – Descreve investidores que possuem perfil moderado, mas ainda têm baixa tolerância de risco.
Defensivo – Está entre o conservador e o moderado. Sendo assim, é voltado para o cliente que busca ganhos a longo prazo, mas se defende de perdas significativas.
Estrategista – Novo nome para o perfil Moderado.
Visionário – Está entre o perfil moderado e agressivo. Descreve o investidor que enxerga além das projeções a curto prazo e visa grandes retornos a longo prazo.
Energético – Novo nome para o perfil Agressivo.
Destemido – No Suitability, esse perfil estaria no topo do agressivo. Descreve investidores que sabem o que quer e aonde quer chegar, e aceitam correr o risco que for necessário para isso.
Ultra – É o investidor que tem conhecimento do mercado e experiência. Conversam com o assessor com mais embasamento, e tendem a optar por investimentos que trazem o máximo de retorno, sem se preocupar com o risco.
É importante ressaltar que os perfis não são estáticos. Ou seja, investidores podem mudar ao longo do tempo, conforme ganham mais prática em investir, conhecimento do mercado e conforto do risco. Trata-se de uma evolução natural.
“Geralmente a pessoa começa com um perfil conservador, mas aceita diversificar um percentual mínimo em ativos mais expostos à volatilidade para entender a dinâmica. Isso é uma porta de entrada para o risco. Depois, a tendência é o cliente se sentir seguro para abrir mais o portfólio”, diz Oliveira.
O papel do assessor de investimentos é muito importante para analisar de maneira mais detalhada o resultado do teste de Suitability. “É essencial conhecer o cliente além desse rótulo”, diz Oliveira. “Cada pessoa tem as suas particularidades. Para fazer essa leitura, é preciso proximidade e sutileza. Buscamos maneiras de comunicar para os investidores qual o limite da tomada de risco que observamos em cada um. A partir dessa percepção, discutimos qual será o percentual de exposição aos ativos voláteis”.
*Sob supervisão de Priscilla Arroyo