Ibovespa na semana: índice recua 4% em julho; Selic é destaque na agenda

Alessandra Taraborelli

O último dia útil de julho na Bolsa foi de perdas. O principal índice acionário, o Ibovespa, encerrou julho com queda de 4%, aos 121 mil pontos. O dólar, por sua vez, subiu 4,90% no mês passado, cotado a R$5,21 na venda. 

No último pregão do mês (sexta-feira 30), a cautela tomou conta do mercado: o Ibovespa teve queda de 3,08%, e o dólar avançou 2,60%. O mau humor refletiu preocupações com a questão fiscal do País e o avanço do Centrão no governo. Externamente, os investidores seguem com o foco nas medidas restritivas na China.    

O Ibovespa fechou o primeiro pregão de agosto com avanço de 0,59%, aos 122 mil pontos.  

Cenário político: “fogo no parquinho”

A afirmação do presidente Jair Bolsonaro de que o país deve se endividar para custear um aumento de 50% no valor médio do Bolsa Família, hoje em R$ 192,00, trouxe preocupação para o mercado financeiro, o que ajudou a aumentar o desempenho negativo da Bolsa na sexta-feira. Grande parte dos analistas defende que o governo não deve romper o teto de gastos, por se tratar de uma questão de responsabilidade fiscal.

Em evento na sexta-feira 30, o ministro da Economia, Paulo Guedes, saiu em defesa do Orçamento e disse que existe “fumaça no ar” sobre possíveis despesas extraordinárias. O ministro disse ainda que o Orçamento para o próximo ano prevê recursos entre R$ 25 bilhões e R$ 30 bilhões para o pagamento de R$ 250 a R$ 300 do Bolsa Família. 

Ainda em Brasília, o mercado espera para ver a que veio o novo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Para esta semana, há também a expectativa com o possível anúncio de Onyx Lorenzoni, comandante do novo Ministério do Trabalho. Segundo Guedes, ele deve anunciar em breve três programas de incentivo à contratação de jovens no mercado de trabalho. 

A preocupação demonstrada pelo mercado com o noticiário fiscal na semana passada deve continuar nesta, com o investidor também atento aos acontecimentos no cenário externo. Em destaque estão também a retomada dos trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. 

Decisão de juros é destaque na semana

O avanço da inflação e o aumento da tensão política levaram muitos analistas a revisarem as suas apostas para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) que define na quarta (4) o novo patamar da taxa básica de juros. Pesquisa realizada pelo Valor Econômico mostra que 75 instituições financeiras – de um total de 95 pesquisadas- apostam em uma alta de 1 ponto porcentual na Selic, que passaria dos atuais 4,25% para 5,25%.

Temporada de Balanços 

A divulgação de resultados das empresas referentes ao segundo trimestre do ano ganha força essa semana, com Petrobras, Bradesco, Itaú Unibanco e Banco do Brasil revelando seus balanços. 

Agenda de indicadores econômicos

Além da decisão da Selic e dados de trabalho dos Estados Unidos,  a agenda de indicadores econômicos traz a atividade industrial (medida pelo PMI) de vários países em julho, inclusive o Brasil. 

No exterior, os investidores continuam atentos à China, após as ofensivas regulatórias nos setores de educação, tecnologia e imóveis. Nos EUA, assim como no Brasil, a safra de balanços segue no foco de atenção dos investidores, junto com a perspectiva de que o novo pacote de infraestrutura do presidente Joe Biden seja aprovado ainda esta semana. 

Além disso, destaca- se a divulgação do relatório de criação de vagas no mercado de trabalho norte-americano (Payroll). No mês passado, o Departamento de Trabalho dos EUA informou que foram criadas 850 mil vagas de trabalho em junho, bem acima das 583 mil criadas em maio. 

Confira os destaques da agenda: