Ibovespa na semana: agenda traz inflação no Brasil e Simpósio de Jackson Hole nos EUA

Alessandra Taraborelli —

A semana terá importantes divulgações sobre dados de atividade e de inflação aqui e no exterior em destaque na agenda econômica. Enquanto isso, segue no radar do mercado preocupações com as contas públicas e o cenário político, que contribui para as incertezas sobre o ritmo econômico de 2022. 

Nos EUA, o principal evento é o Simpósio de Jackson Hole, que vai de quinta-feira (26) a sábado (28). O encontro reúne os principais representantes dos bancos centrais do mundo. Durante os dias do evento, os investidores ficam bastante atentos às sinalizações que saem de lá sobre a condução da política monetária internacional.

O mercado deve acompanhar de perto possíveis pistas do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) sobre quando deve começar o processo de redução dos estímulos.

Por aqui, a expectativa é com o IPCA-15 de agosto – prévia da inflação -, que sai na quarta (25). Do lado político, estão previstos a apresentação do relatório da reforma tributária e do parecer da reforma administrativa.

Retrospectiva: tensão política, fiscal e incerteza internacional

Na semana passada, as medidas adotadas pelo governo para tentar maquiar o teto dos gastos, junto com as tensões entre o Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) preocuparam os investidores. Aliado a isso, o ritmo de crescimento de duas importantes economias – China e EUA – mais fraco, tensão no Afeganistão e o aumento de casos da variante Delta, completaram o ambiente de incertezas. 

Na sexta-feira (20), no entanto, o Ibovespa seguiu o bom humor dos mercados de Nova York e conseguiu encerrar o dia com alta de 0,75%. O ganho, no entanto, não foi suficiente para zerar as perdas na semana (-2,59%), no mês (-3,07%) e no ano (-0,81%).

O dólar também sentiu a pressão e encerrou a semana em queda, 0,7% contra o real, valendo R$ 5,38 na venda. Apesar do recuo, a moeda fechou a semana com alta de 2,67% ante a moeda brasileira. 

Na quinta-feira (19), após uma sequência de três quedas seguidas, o Ibovespa reverteu o movimento e voltou para o terreno positivo. O mau humor, que levou a Bolsa a zerar os ganhos no ano na terça-feira (17), foi causado por dados econômicos fracos no exterior. Depois da decepção com os índices da China no início da semana passada, foi a vez dos Estados Unidos trazer tensão aos negócios. As vendas do varejo no país caíram 1,1% em julho, ante expectativa de queda em torno de 0,4%. Os dados de produção industrial não animaram, embora tenham apresentado alta de 0,9% para o mês. 

Para aumentar o nervosismo, na quarta-feira, a tão esperada ata do Federal Reserve confirmou o que o mercado temia. A autoridade monetária norte-americana sinalizou que pretende reduzir o ritmo de compras mensais de títulos ainda este ano. 

Por aqui, a votação do imposto de renda foi adiada pela terceira vez. Mas, a PEC dos Precatórios segue pressionando a credibilidade do teto dos gastos e, deixando os investidores em estado de alerta. 

A movimentação do presidente Jair Bolsonaro para entrar com pedido no STF para proibir a corte de abrir investigações sem o aval do Ministério Público, não pegou bem. 

Além disso, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que as projeções econômicas de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022 têm sido influenciadas de forma negativa pelos ruídos políticos. 

Agenda de indicadores: 

Confira os principais eventos que devem centrar atenção do mercado: