Boris Bellini*–
Após ser discutida por mais de três meses, a PEC dos precatórios foi aprovada pelo Senado em 2 de dezembro, quinta-feira, o que incentivou os investidores a irem às compras. Neste pregão, o Ibovespa deu um salto de 3,66% e defendeu a faixa dos 100 mil pontos. Trata-se de um respiro – vale lembrar que em novembro, o índice amargou o quinto mês consecutivo de queda (- 1,53%).
No acumulado da semana passada, no entanto, após a aprovação da PEC, o Ibovespa fechou no azul, com alta de 2,8%, aos 105 mil pontos. “A aprovação da PEC dos precatórios pelo Senado diminui as incertezas no mercado interno, o que abre espaço para um período de recuperação”, diz Leonardo Morales, Sócio-Diretor da SVN Gestão, parceira da SVN Investimentos. Mas essa expectativa pode ter alguns pontos nebulosos. “Isso se não tivermos uma surpresa muito negativa com a nova cepa do vírus e com o mercado externo”, explica.
A PEC abre espaço para o Governo elevar o teto de gastos no ano que vem. O mercado vê a aprovação da medida com bons olhos, embora isso não resolva o problema fiscal do País – ou o fato de que os gastos públicos serão maiores do que a arrecadação de impostos em 2022. Como o texto da PEC teve muitas modificações no Senado, agora agora volta para a avaliação na Câmara antes de seguir para sanção presidencial.
Cenário externo no radar dos investidores
Uma possível alta de juros nos Estados Unidos antes do esperado passou a ser considerada depois da fala do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell. Em meio à pressão nos preços, ele não só cogitou elevar a taxa de juros para conter a inflação antes do esperado, como sinalizou que “seria apropriado considerar uma conclusão da redução da compra de títulos pelo Fed mais rapidamente”.
Esse movimento impactaria ainda mais os ativos de países emergentes, como o Brasil, cujas moedas tendem a perder valor contra o dólar: em novembro, o real desvalorizou 0,41%; no ano, a queda é de 8,68%.
Sobre o mercado externo, Morales explica que maiores impactos podem surgir se o Fed mantiver essa postura. “O cenário ainda está bem nebuloso também por conta da nova cepa do vírus”, destaca Morales.
A descoberta da Ômicron, nova cepa mais transmissível da Covid-19, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como “variante da preocupação”, acentuou as incertezas. O mercado tenta precificar o seu potencial impacto na economia, uma vez que ainda não há consenso entre os pesquisadores em relação à transmissão, letalidade e resistência às vacinas.
Economia em recessão técnica
No mercado interno, foi divulgado na semana passada o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre: recuo de 0,1% em relação ao trimestre anterior. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil já havia passado por uma queda de 0,4% no segundo trimestre.
Quando o PIB cai por dois trimestres seguidos, considera-se que o país entra em recessão técnica – uma espécie de alerta sobre a economia. Essa notícia aliada à crise fiscal pode pesar sobre o otimismo do investidor ao longo de dezembro. A cautela pode voltar a dominar o mercado como reflexo também da instabilidade política que antecede as eleições.
Agenda de indicadores da semana 6 a 10 de dezembro
Terça-feira (7) BRASIL: Divulgação do IGP-DI.
Quarta-feira (8) BRASIL: Decisão do COPOM sobre a taxa de juros.
Sexta-feira (10) BRASIL: será publicado o IPCA de novembro.
EUA: inflação dos preços ao consumidor (IPC) referente a novembro.
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*Sob supervisão de Priscilla Arroyo.