Boris Bellini* —
Taxas de juros e dados da inflação no Brasil e nos EUA devem ser responsáveis pelo tom do mercado neste fim de ano. “Os investidores irão avaliar os sinais dos bancos centrais em relação à política monetária no ano que vem, e isso tem impacto em todos os outros ativos”, explica Leonardo Morales, Sócio-Diretor da SVN Gestão, parceira da SVN Investimentos. Na próxima quarta-feira (15), será divulgada a decisão sobre juros americanos – que está em 0,25% ao ano -, que não deve causar surpresa, de acordo com Morales.
“Mas o Fed (Feral Reserve, Banco Central dos EUA) também se demonstrou bem preocupado com a inflação. Então, acho que esse é um ponto de atenção, para ver se ele virá com o discurso mais duro”, explica Morales. Se o Banco Central dos EUA sinalizar que irá elevar os juros e acelerar a retirada dos estímulos, os investidores tendem a buscar ativos com menos risco. Isso implica na saída de dólares do Brasil – e a tendência é que o real desvalorize ainda mais.
Na sexta-feira (10), a moeda estrangeira fechou com queda de 1,28%, cotada a R$ 5,61. O Ibovespa encerrou a semana com alta de 2,56%, aos 107.758 pontos.
A decisão do Copom
Na quarta-feira (8), foi o Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central brasileiro que endureceu a postura diante da inflação. A Selic – a taxa básica de juros do Brasil – foi elevada em 1,5 ponto percentual, para 9,25% ao ano. Trata-se do maior patamar desde julho de 2017, mas que já era esperado pelo mercado.
O Comitê afirmou que deve repetir o aumento em sua próxima reunião, nos dias 1º e 2 de fevereiro de 2022, algo que não estava no radar. “A surpresa foi o tom mais duro em relação à inflação, [o Comitê] não se mostrou muito preocupado com o crescimento”, explica Leonardo Morales.
O mercado reagiu: o Ibovespa fechou o pregão seguinte ao anúncio, na quinta-feira (9), em baixa de 1,67%. O único dia de resultado negativo da semana.
Morales explica que, com a alta da Selic, o Banco Central procura manter a confiança em seu trabalho e se esforça para que a inflação fique dentro da meta. “Ele pode mudar um pouco o discurso, se a inflação realmente se mostrar mais fraca”, diz.
Inflação avança 0,95% em novembro
No início da sexta-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo): aumento de 0,95% em novembro, ante elevação de 1,25% em outubro. Trata-se da maior alta para o mês 11 desde 2015, mas o resultado veio abaixo do esperado, o que devolveu o ânimo ao mercado. Em média, especialistas esperavam que o índice subisse 1,10% no mês passado.
As taxas de juros DI, que haviam apresentado alta após o anúncio do Copom, também sofreram queda forte com a divulgação do IPCA. Os juros negociados para 2023, por exemplo, subiram para 11,63% na quinta-feira (9). Porém, no dia seguinte, a mesma taxa foi ajustada para 11,43%.
Agenda de indicadores da semana de 13 a 17 de dezembro
Segunda-feira (13) EUA: relatório mensal da OPEP.
Terça-feira (14) BRASIL: divulgação de resultados do setor de serviços em outubro;
Ata da última reunião do Copom
EUA: divulgação do IPP, o Índice de Preços ao Produtor dos Estados Unidos.
Quarta-feira (15) BRASIL: divulgação do IBC-Br (Índice de Atividade Econômica do Banco Central).
EUA: vendas no varejo em novembro;
Projeções econômicas do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto).
Quinta-feira (16) BRASIL: Relatório Trimestral de Inflação.
EUA: números da produção industrial de novembro.
—
A SVN conta com mesas de operação dedicadas à renda fixa, renda variável e câmbio. Consulte um de nossos assessores para investir de maneira assertiva.
*Sob supervisão de Priscilla Arroyo.