Expert XP: BC deve acelerar ritmo de cortes da Selic 

02 de setembro de 2023 EconomiaInvestimentos Básico

  • Priscilla Arroyo
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Expert XP: BC deve acelerar ritmo de cortes da Selic 

Na avaliação de gestores, potencial desaceleração da economia no segundo semestre deve abrir espaço para redução de 0,75 pontos percentuais na taxa básica de juros em novembro e dezembro

Priscilla Arroyo –

Passado o maior ciclo de aperto monetário da história, o Banco Central (BC) começou a cortar os juros em agosto, quando a Selic diminuiu de 13,75% para os atuais 13,25%. A pergunta que paira no mercado é: qual será a dimensão dos próximos cortes?

Com mais três decisões de juros neste ano – em setembro, novembro e dezembro – a expectativa é que o ritmo de redução da taxa básica de juros acelere. “Esperamos cortes de 0,75 e até 100 pontos percentuais na Selic”, diz Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital.

A tese que justifica a expectativa se baseia na observação dos índices de inflação – que  seguem sob controle, enquanto os indicadores econômicos antecedentes (que apontam para o futuro da atividade) estão mais fracos. Esses fatores podem ser considerados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) nas próximas reuniões.

O assunto foi discutido no painel “Visões da JGP, Kapitalo e Legacy sobre Brasil e mundo” na sexta-feira (1) durante a Expert XP 2023, em São Paulo. A conversa foi mediada pela diretora de Redação da InfoMoney, Raquel Balarin,  e contou também com a participação de Carlos Carlos Woelz, sócio fundador da Kapitalo e André Jakurski, sócio-fundador e diretor executivo da JGP. 

Felipe Guerra, CIO da Legacy Capital, aposta no aumento do ritmo de queda dos juros no fim deste ano

Incerteza fiscal no radar

O governo federal enviou ao Congresso Nacional,  no fim de agosto, o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) para 2024. A expectativa do ministro da Economia, Fernando Haddad, é que o déficit público seja zerado no ano que vem com a arrecadação extra de impostos. Os gestores acreditam que será difícil zerar essa conta, mas a preocupação maior está no longo prazo. 

“Boa parte da arrecadação fiscal no médio prazo será receitas não recorrentes. Não vejo problema por agora. Mas, no longo prazo, a expectativa é de avanço significativo da dívida pública porque o país tem uma taxa potencial de crescimento baixa e juro real alto, a conta não fecha no longo prazo”, afirma Jakurski, da  JGP . “Esse cenário pode influenciar um corte da Selic entre 0,50 e 0,75 pontos percentuais nas últimas reuniões do ano”, complementa.

Onde investir?

Quando o assunto é Bolsa, a dinâmica vencedora do investidor pode ser resumida em “ter habilidade e coragem para comprar quando as ações estão baratas e saber qual é a certa para vender”. Essa é a filosofia que move Jakurski.

O gestor ressalta o momento desafiador do setor de varejo como um dos destaques deste ano. Por outro lado, lembra que as ações da Petrobras (PETR4) já subiram mais de 60% no ano – considerando os dividendos.  Como comparação, até o fim de agosto, o Ibovespa subia 5,51% em 2023.

“No começo do ano, os investidores evitaram as ações da Petrobras com receio de uma intervenção maior do governo. Isso não aconteceu, a ação valorizou e segue sendo uma boa pagadora de dividendos. O dividend yield da PETR4 deve variar entre 10% e 20% nos próximos periodos”, diz Jakurski. 

André Jakurski, sócio-fundador e diretor executivo da JGP, destaca a alta das ações da Petrobras no ano

Já Carlos Woelz, da Kapitalo, afirma que a gestora segue com ações da Petrobras (PETR4) e da Suzano (SUZB3) no portfólio. “Compramos os papéis quando estavam baratos, e agora esperamos o momento de vender”, diz. 

Embora o gestor considere um cenário de desaceleração forte da economia no radar, ele avalia que, pela primeira vez, trabalha com a expectativa de que a rentabilidade da Bolsa ultrapasse o retorno da Renda Fixa no longo prazo.

Na avaliação de Guerra, da Legacy Capital, um dos fatores que deve pressionar o desempenho da economia é a alta dos tributos que o governo pode promover para cumprir as metas fiscais. “Podemos observar impactos importantes em Vale e Petrobras”, afirma.

Nesse cenário, o gestor aposta em uma estratégia que promove um mix de ativos da Renda Fixa e Renda Variável. “Existem muitas boas oportunidades no segmento de crédito provado, com debêntures incentivadas – isentas de Imposto de Renda – que pagam inflação +7,5% ao ano. Preferimos equilibrar o portfólio com esses ativos. É mais seguro em comparação a tomar risco com empresas da Bolsa reguladas que podem sofrer os impactos do aumento de impostos”, afirma Guerra. 

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