O ministro participou de painel na Expert XP 2023 e falou sobre a relação com o congresso e a taxa básica de juros (Selic).
Boris Bellini –
De acordo com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), o poder legislativo terá um “papel chave” até o final de 2023 para a aprovação de medidas econômicas do governo. A afirmação veio durante sua participação na Expert XP 2023
“Se o Congresso somar forças e aprovar medidas na direção correta, afastar pauta bomba, o populismo, afastar o risco e aprovar uma agenda consistente, penso que vamos terminar o ano muito bem“, afirmou. O ministro inclusive elogiou a relação com o legislativo durante a primeira metade de 2023: “Com exceção da reforma tributária, tudo foi aprovado no primeiro semestre”.
Os próximos passos no segundo semestre
De acordo com o chefe da Fazenda, a equipe econômica se concentra atualmente na reforma tributária. A ideia é que, a partir desse conjunto de mudanças, a pasta consiga atuar para a melhora do déficit fiscal.
O governo precisa de valores na casa dos R$ 160 bilhões para cumprir com o plano de zerar o déficit já no ano que vem. Haddad criticou os resultados fiscais negativos do país desde 2014. “Temos que virar essa página”, concluiu.
Outro apontamento do ministro foi para o gasto tributário brasileiro da ordem de 10% do PIB. Segundo ele, uma redução de 1% já seria suficiente para ajustar as contas públicas.
Banco Central e taxa Selic
Fernando Haddad manteve o tom em relação às decisões do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros, a Selic. De acordo com ele, os cortes de 0,5 ponto percentual (p.p.) não são suficientes e o correto seria 0,75 p.p.
Em sua última reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu início aos cortes na taxa Selic em 0,5 e sinalizou que manterá esse ritmo nas próximas três reuniões.
A crítica do ministro se dá principalmente porque, em sua visão, a taxa de juros elevada atrapalha o crescimento da economia brasileira. Ainda de acordo com Haddad, será difícil ter bons resultados fiscais se os juros reais no Brasil estiverem em 10%.
“O que faz a consistência do equilíbrio fiscal é o crescimento e é muito difícil você dividir o mesmo bolo de forma diferente”, afirmou durante a Expert XP 2023.
Para ele, o governo tem conseguido dar sinais ao Banco Central sobre a sustentabilidade fiscal. Como exemplo, o ministro falou do novo arcabouço fiscal e das possibilidades que a medida oferece para organizar os gastos do governo.
Na visão do ministro, se o BC realizar cortes de 0,75 p.p. na Selic, o crescimento econômico fará com que todo o esforço em relação ao fiscal pareça “brincadeira de criança”.
Fernando Haddad ainda definiu como “milagre” o Brasil ter a possibilidade de crescer em torno de 3% no ano com os juros reais no patamar de 10%. “Não tem livro que explique o fenômeno que acontece na economia brasileira”, conclui.