No terceiro dia da Expert 2020, a vencedora do prêmio Nobel de Economia Esther Duflo participou do painel “Economia útil para tempos difíceis” com Rachel Sá, economista da XP Investimentos, e Betina Roxo, analista de ações da XP Inc.
Sobre Esther Duflo
Esther Duflo é economista e pesquisadora francesa. Foi a vencedora do Prêmio Nobel de Economia em 2019 junto dos economistas Abhijit Banerjee e Michael Kremer.
O trio pesquisou sobre o combate à pobreza global, com o objetivo de ajudar a projetar e avaliar políticas sociais.
Esther é professora, com PhD em economia pelo MIT e têm inúmeras honras e prêmio acadêmicos em seu currículo.
O mundo pós-pandemia
Para a economista, o mundo pós-pandemia pede uma “estratégia mais prospectiva de globalização”. Isso porque a crise escancarou a interdependência de alguns países e os obrigou a cooperarem. Ela citou como exemplo os insumos hospitalares exportados a diversas nações. Ainda segundo a vencedora do Nobel, essa é uma grande oportunidade para mais países entrarem no mercado internacional. “O que aprendemos também é que precisamos diversificar a nossa cadeira de suplementos, e não ficar dependentes de uma única economia, seja a China ou outro país.”
“O Brasil, por exemplo, poderia entrar em mercados em que não atua ainda. É o caso de repensar e diversificar”, explica.
Em relação a como os países devem lidar com os impactos econômicos causados pela pandemia, Esther destacou que os governos devem atender as necessidades dos mais vulneráveis. Afinal, segundo ela, “há um risco dos países alcançarem um nível de pobreza difícil de sair”
“Primeiro ponto é assegurar que as pessoas mais pobres tenham acesso aos recursos”. Para Esther, é a população de renda mais baixa a principal prejudicada com a crise, já que não tem a opção de não sair de casa para trabalhar.
“Os pobres são como um amortecedor que permitem sustentar a crise”, disse.
Para a Nobel, o que vai fazer a diferença no pós-coronavírus será a forma como os países vão lidar com os mais vulneráveis. “No futuro, podemos supor que veremos países que enfrentaram uma grande crise econômica durante e depois da pandemia de Covid-19, mas também países que não estavam entre os mais ricos e ainda assim não enfrentaram esse problema de forma tão grave. Não é uma questão de como eles foram impactados, mas sim de como eles lidaram com a sua população mais pobre”, conclui.
Programas sociais
Reconhecida por um trabalho com abordagem experimental para a aliviar a pobreza no mundo, Esther também comentou sobre os sistemas de proteção social.
“Muitos dos sistemas de proteção social se baseiam no medo de que as pessoas que precisam de ajuda se tornem preguiçosas quando começarem a utilizá-la. A maioria dos sistemas de proteção social são contra isso, mas são baseados na intuição de como as pessoas vão se comportar e nada garante que isso é verdadeiro. Temos que pegar a intuição e colocar à prova”, comenta.
Ela ainda citou vários estudos que mostram o contrário, como é o caso de um programa de transferência de renda para mulheres na Nigéria. “As mulheres que recebem a ajuda financeira acabam conseguindo ganhar até mais dinheiro depois.”
Investimento em impacto social
Como conselho para investidores, a Nobel diz que é preciso questionar os investimentos. “Existe algo em que eu não deva investir porque não é bom para o mundo?”.
Ela também afirmou que os “investidores interessados em impacto social devem ser bastante disciplinados em como medem e avaliam o impacto social” e sugere que invistam em setores que podem ser de interesse no futuro.
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