Renan Mazzo —
A volatilidade predominou em outubro, e o real se depreciou 3,67% frente ao dólar, que fechou o mês cotado a R$5,64. No ano, até 29 de outubro, a divisa acumula valorização de 8,82%. O principal fator que tem feito a moeda brasileira perder valor é a piora do cenário fiscal, o que reflete a intenção do governo de alterar a regra do teto de gastos abrindo espaço para despesas adicionais no ano que vem.
A proposta do deputado Hugo Motta (Republicanos) busca liberar R$83 bilhões para despesas públicas em 2022. Isso seria feito por meio da modificação da fórmula de correção do teto de gastos aliada ao limite de pagamento dos precatórios. Em meio a esse cenário, quatro secretários do Ministério da Economia que não concordam com a expansão dos gastos se demitiram, o que elevou a incerteza entre os investidores.
O momento do Brasil incentiva a saída de capital estrangeiro do país, uma vez que o afrouxamento fiscal tende a contribuir de maneira negativa para a recuperação da economia, combalida especialmente pelas consequências da pandemia.
Retrospectiva outubro
A cotação mínima do dólar em outubro ocorreu no primeiro dia útil, atingindo a faixa dos R$5,35 no intraday. Com o decorrer do mês, o movimento de alta foi se acentuando e no dia 22 atingiu o valor de R$ 5,75 durante o dia, mesmo com uma série de intervenções do Banco Central (BC) para evitar o avanço nos dias anteriores.
Dessa forma, grande parte dos economistas das casas de análise ajustaram suas projeções do dólar para o final de ano, elevando para um patamar mais apreciado. O Boletim Focus, publicação do BC que agrupa as expectativas de mercado, aumentou sua projeção para R$5,50 no final de 2021. Já a XP, ajustou sua expectativa para R$5,70.
No mercado internacional o que mais gerou volatilidade nos mercados, e consequentemente nas taxas de câmbio, foi a desaceleração da economia da China, que cresceu 4,9% em ritmo anual entre julho e setembro, após avanço de 7,9% no período de abril a junho. A crise no setor imobiliário somada à falta de energia foram os fatores que mais afetaram a economia do país asiático.
Investimento internacional em alta
A piora do cenário fiscal brasileiro impactou negativamente o desempenho dos investimentos nacionais em renda variável. O principal índice de ações brasileiro, o Ibovespa, apresentou uma queda de 7%. Por outro lado, o S&P 500, índice de ações norte -americano subiu mais de 6,9%.
Esse cenário mostrou, mais uma vez, a importância de ter um percentual da carteira de investimentos dolarizada, com exposição aos mercados internacionais, uma vez que em momentos de instabilidade interna, o dólar tende a subir. Dessa forma, investimentos atrelados a moedas internacionais funcionam como uma forma de proteção à carteira. Sendo assim, é importante entrar em contato com seu assessor de investimentos para verificar as melhores opções, de acordo com as necessidades e perfis de risco específicos.
Expectativa para novembro
O mês de novembro já começa movimentado! Logo na primeira semana teremos a decisão de política monetária nos Estados Unidos, na quarta-feira (3). O mercado espera uma redução gradual na compra de ativos pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), e deve ser acompanhado de perto pelos investidores. Na sexta feira (5) do mês teremos a divulgação dos dados de emprego dos Estados Unidos, o Payroll, que deve ser igualmente acompanhado de perto pelos investidores.
Internamente, atenções voltadas para uma possível greve dos caminhoneiros, que pode piorar ainda mais a situação interna. Além disso, os investidores devem acompanhar de perto a votação da PEC dos precatórios e as discussões sobre a extensão do auxílio emergencial, fatores que podem aumentar o risco fiscal e acentuar a saída de capital estrangeiro do país, aumentando a cotação do dólar frente ao real.
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A SVN conta com uma mesa especializada em operações de câmbio. Entre em contato com um de nossos assessores para saber das oportunidades no segmento em novembro.