Beatriz Lopes*–
Dizem que crianças são como uma folha de papel em branco: quando preenchidas, as marcas ficam para a vida inteira. Aprendem com facilidade e alegria. Tudo vira uma brincadeira. E os pais são os super-heróis e super-heroínas. Ensinam a andar de bicicleta, levam para o primeiro dia de aula, ajudam na lição de casa. Nesses momentos simples e cotidianos, os pais passam os valores para filhos. Por meio desses gestos e palavras é que se cria o laço afetivo. Esses ensinamentos servem como norte para os filhos navegarem pela vida.
Como os pequenos aprendem muito mais pelo que observam do que pelo que ouvem, o esforço dos pais para garantir segurança, estabilidade e conforto para a família é um ensinamento que permeia todos os outros. Afinal, reflete a atitude de levantar todas as manhãs para ir trabalhar. Esse futuro confortável está ligado também com as finanças. Saber lidar com o dinheiro, entender como manter e aumentar o patrimônio, são temas que ganham cada vez mais espaço na educação das crianças.
E isso vai além das palavras. Antes mesmo do nascimento, é comum os pais começarem a fazer uma reserva financeira para garantir o pagamento da faculdade, o intercâmbio, ou mesmo uma casa ou apartamento para os filhos. O conselho dos especialistas é sempre usar como maior aliado quando o assunto é investimento: ou seja, quanto antes começar o plano para os aportes, melhor.
“Outro tema primordial a ser considerado igualmente em um plano de investimento é a definição do prazo para iniciar e resgatar o capital”, diz Lucas Andreani, sócio e assessor da SVN. Com um horizonte de longo prazo, é importante definir metas considerando períodos específicos de tempo para deixar o objetivo mais tangível. “Os pais podem começar com um aporte pequeno mensal, e ir aumentando essa quantia de forma progressiva”, afirma Andreani. Essa estratégia geralmente facilita a gestão do orçamento das famílias.
Muitos investidores iniciantes têm o objetivo de chegar à cifra de R$ 1 milhão. Por isso, usamos esse valor para fazer uma simulação e responder à pergunta de ouro: quanto tempo os pais podem levar para alcançar essa quantia?
Como alcançar o primeiro milhão?
Há inúmeras maneiras para alcançar esse objetivo. O caminho vai depender de muitas variáveis, como o montante inicial a ser investido, o valor mensal dos aportes, o apetite ao risco dos investidores, entre outros fatores.
Aqui vamos propor uma simulação considerando que um casal tem como objetivo alcançar R$ 1 milhão, e decida começar o plano de investimento aplicando R$ 1 mil para o filho a uma taxa de 0,8% ao mês.
“Em um ano, o casal terá R$ 12,5 mil. Em três anos, R$ 50 mil”, explica Andreani. Em 10 anos, o valor chegaria a R$ 200 mil, e em 15 anos, R$ 399 mil. Se a família seguir esse ritmo, chegará ao patrimônio de R$ 1 milhão em 23 anos.
Confira os passos da estratégia:
Entretanto, se a família não tiver condições de aplicar um grande valor inicialmente, é válido estabelecer uma verba mais baixa. A quantia a ser definida sempre deve estar de acordo com o orçamento do casal. Ou seja, é preciso ter disciplina – organizar as finanças, saber os ganhos e gastos, planejar as despesas e pensar a longo prazo – a fim de evitar desconfortos e perdas que coloquem o capital destinado à criança em risco.
Educação financeira
A educação financeira – tanto dos pais, que reflete nos filhos – é um fator muito importante a ser considerado quando o tema é segurança financeira. Por isso, os pais devem ter a ideia de agregar o tema às discussões da família.
“É importante desbanalizar o assunto dinheiro, capital, patrimônio. Falar abertamente e mostrar a importância de poupar, com o intuito de guardar para prováveis surpresas inesperadas”, conta Andreani.
A educação financeira prepara a criança para o futuro, para usar o dinheiro com sabedoria, como instrumento para formar patrimônio. Especialistas avaliam que cinco anos é uma boa idade para introduzir o tema na educação. Uma maneira de iniciar os pequenos no mundo do investimento é oferecer uma mesada.
A dinâmica é simples: a criança recebe uma compensação por realizar algumas tarefas em casa em troca de uma quantia de dinheiro. Esse “pagamento” pode ser mensal, semanal, ou pontual – por cada dever cumprido. A partir disso, a ideia é ir instigando o filho/filha a poupar para comprar algo com valor mais elevado. “Motivar o pensamento de longo prazo ajuda a criança a entender que é preciso disciplina para lidar com o dinheiro, e conquistar as coisas materiais que almeja”, diz Andreani.
O Teste do Marshmallow, um estudo de psicologia realizado na década de 1960, comprovou que crianças que esperam para consumir o prêmio têm maior desempenho profissional e pessoal na vida adulta. Segundo Andreani, esse método pode ser aplicado nas finanças – para ensinar as crianças a terem mais paciência e autocontrole de seu próprio dinheiro.
Investir na vida dos filhos é conveniente e lucrativo para toda a família. Assim, é possível aproveitar os melhores momentos do crescimento das crianças, com a tranquilidade que terão um futuro próspero e garantido.
Filhos crescem rápido. Assim como os sonhos que você tem para eles.
Feliz Dia das Crianças!
*Sob supervisão de Priscilla Arroyo