Boris Bellini*–
Os BDRs (Brazilian Depositary Receipt) são certificados de depósito que representam ações estrangeiras no Brasil – na prática, uma forma de realizar investimentos internacionais nos pregões da B3. Os ativos se mostram como boas opções para diversificar os investimentos neste ano. Uma das principais razões para isso não é econômica, mas política: o Brasil terá eleições para a Presidência da República.
A cada quatro anos, o mercado nacional vive meses de volatilidade enquanto espera o resultado da disputa pela cadeira no Palácio do Planalto. Por outro lado, o cenário fora do país deve ser de maior estabilidade. Nos Estados Unidos, que acabam de viver um ano aquecido, o crescimento deve ser menos intenso – há analistas que falam até em queda durante 2022, para corrigir as altas recentes.
Um ponto para observar ao longo do ano é a evolução da taxa de juros norte-americana. Como já indicado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), ela deve subir entre a metade e o final do ano. Especialistas afirmam que, em meio às mudanças nos juros e esfriamento dos preços, os ativos devem se manter atrativos em relação ao risco.
Outro aspecto que merece atenção é o mercado de ETFs (Exchange Traded Funds), fundos que investem em BDRs e são negociados na Bolsa brasileira. Recentemente, eles passaram a se mostrar mais interessantes em relação a valores e liquidez.
O crescimento de BDRs
Investimentos internacionais também foram boas opções em 2021 para proteger a carteira de oscilações locais. Além disso, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) ampliou o acesso a BDRs: de ativos que só poderiam ser negociados por investidores qualificados (com mais de R$ 1 milhão em aplicações), os papéis puderam ser negociados por todas as pessoas cadastradas na B3.
Com a mudança, o Brasil chegou a 475 mil investidores em BDRs no mês de novembro – dois anos antes, a quantidade não chegava a 3 mil. A diversificação com papéis internacionais pode proporcionar bons resultados. Enquanto o Ibovespa fechou 2021 com queda de 11,92%, os índices americanos conquistaram resultados positivos:
- S&P 500: 26,89%
- Dow Jones: 18,73%
- Nasdaq: 21,39%
Quais indicadores acompanhar
Ao investir em BDRs, deve-se manter atenção às cotações de moedas estrangeiras. Por exemplo, se o investidor opta por empresas dos Estados Unidos, precisa acompanhar o dólar, afinal, seu valor interfere no preço dos investimentos em companhias do país.
Quando o assunto são empresas internacionais, é comum o investidor ter contato com grandes nomes, como Facebook, Apple e Tesla. Porém, em 2022, é importante também dar atenção a companhias menores para diversificar os investimentos. Com o aumento dos juros nos Estados Unidos, a partir do segundo semestre, empresas focadas em crescimento tendem a ser mais impactadas, já que o financiamento para expansão será mais caro.
Em quais empresas investir?
Neste mês de janeiro, trazemos três sugestões de BDRs para investidores que desejam investir em ativos internacionais por meio da B3.
Johnson & Johnson (JNJB34)
Entre a população em geral, os produtos de higiene da empresa são conhecidos. O que menos pessoas sabem é que a Johnson & Johnson é a maior companhia farmacêutica do mundo. A operação da empresa conta com margens brutas acima de 60%, retorno alto sobre investimento e boa geração de caixa livre. Por ser a maior fornecedora do segmento Médico-Hospitalar, o cenário no curto prazo deve ser positivo, já que haverá a retomada de procedimentos adiados ou cancelados durante a pandemia.
The Coca-Cola Company (COCA34)
A Coca-Cola não produz apenas um refrigerante. Maior empresa de bebidas não alcoólicas do mundo, ela é dona de 500 marcas e atua em mais de 200 países. Com um nome poderoso, operações diversificadas e oferta de dividendos, a companhia oferece um investimento seguro e, atualmente, com cerca de 12% de desconto no valor dos ativos. Em setores que passam por alta inflação (como o de bebidas), investir em líderes garante maior possibilidade de margens, retorno e geração de valor aos acionistas. Atualmente, a Coca oferece boa proteção à carteira.
Salesforce (SSFO34)
A Salesforce é uma empresa de tecnologia que atua nos segmentos de Serviços de Nuvens, Marketing e Vendas e Gerenciamento de Relacionamento ao Cliente – conhecido pela sigla em inglês CRM. Fundada em 1999, a companhia passou anos realizando aquisições, transformações e atualmente atua em mais de 120 países. Sua participação de mercado é maior que a de concorrentes grandes, como Adobe e Microsoft.
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*Sob supervisão de Priscilla Arroyo
