Boris Bellini*–
O ano que vem deve ser marcado pelas incertezas no Brasil. Inflação alta e questão fiscal irão se somar à instabilidade política marcada pela eleição presidencial em outubro. Mas para além do cenário interno, alguns movimentos em outros países também devem refletir por aqui. Um dos mais importantes é a escalada de juros nos Estados Unidos.
O Fed (Federal Reserve, banco central norte-americano) deve retirar estímulos da economia até março de 2022 e aumentar os juros a partir da metade do ano – um movimento que já é precificado pelo mercado. No entanto, incertezas sobre o total controle da pandemia: um dos principais reflexos do isolamento social é o encarecimento da produção e movimentação das mercadorias, que pode pressionar ainda mais a inflação nos Estados Unidos.
“Se a inflação subir mais que o previsto, o Fed terá de acelerar esse aumento de juros”, explica o Sócio-Diretor da SVN Gestão, parceira da SVN Investimentos, Leonardo Morales, durante live do CRC News.
Como os juros dos EUA impactam o Brasil?
Quando a taxa de juros sobe nos Estados Unidos, esse movimento atrai ainda mais fluxo de investimentos para o país em aportes direcionados especialmente aos títulos de renda fixa norte-americana, considerados os mais seguros do mundo.
Os países emergentes, como o Brasil, são os mais impactados com esse movimento, em meio à migração dos recursos de investidores estrangeiros para Estados Unidos. Na prática, esse movimento reflete na diminuição da circulação de dólares por aqui, o que pressionaria ainda mais a nossa inflação, que já acumula alta de 10,42% em 12 meses.
No entanto, um choque mais forte de juros nos EUA é uma realidade distante. “O cenário base ainda é o Fed entregar o que está previsto, nada muito além”, diz Morales.
Bolsa de Valores
No Brasil, a Bolsa de Valores é marcada por um período de preços baixos e volatilidade. Morales aponta que o cenário já adianta as incertezas com as eleições de 2022. O gestor vê consenso no mercado para uma disputa entre o atual mandatário, Jair Bolsonaro (PL), e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para ele, caso surja algum nome da terceira via com discurso conciliador e uma boa equipe econômica, a Bolsa deve reagir de maneira positiva.
Diante das incertezas políticas e econômicas, o real já se desvalorizou 9% até 23 de dezembro ao longo do ano, e a cotação do dólar se aproxima dos R$6. Isso se traduz em importantes descontos na cotação dos ativos, especialmente para os investidores estrangeiros, que investem em dólar.
Não é à toa que o fluxo de dinheiro estrangeiro para a Bolsa de Valores do Brasil atingiu o recorde de R$ 92 bilhões em 2021. O saldo é 17 vezes maior que o de 2020, quando o fluxo ficou positivo em R$ 5,459 bilhões, de acordo com dados da B3.
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*Sob supervisão de Priscilla Arroyo.